Homenagem a Florian Raiss, o artista das esculturas fantásticas

O artista carioca deve ser lembrado como um marco na história da arte contemporânea brasileira, com suas esculturas tão características e únicas

Por Alex Alcantara
Atualizado em 18 fev 2020, 07h53 - Publicado em 27 mar 2018, 15h39
Homenagem a Florian Raiss, o artista das esculturas fantásticas
Florian Raiss (Reprodução/CASACOR)

A vontade de materializar os desenhos levou Florian Raiss, artista carioca, a ficar conhecido por suas esculturas e figuras fantásticas. De sereias a centauros, as obras místicas e, até mesmo eróticas, traduzem o pensar e as características essenciais e tão particulares do escultor.

Homenagem a Florian Raiss, o artista das esculturas fantásticas
Pintura sem título por Florian Raiss. Ano 2008. Técnica : Desenho à lápis. (Reprodução/CASACOR)

Raiss nasceu no Rio de Janeiro, em 1955. O profissional se formou na Accademia di Belle Arti di Firenze [Academia de Belas Artes de Florença], Itália, entre 1973 e 1974. Neste mesmo ano, ingressou na Accademia di Belle Arti di Roma [Academia de Belas Artes de Roma], onde permaneceu até 1975. Após esse período, muda-se para o México, onde estudou desenho na Academia de San Carlos da Universidad Nacional Autónoma de México – Unam [Universidade Nacional Autônoma do México].

O desenho me levou à escultura, que surgiu como uma necessidade, como uma vontade de materializar figuras que eu tinha em mente.

Florian Raiss
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Durante sua carreira, Raiss realizou inúmeras mostras individuais em São Paulo, além de participar também de exposições coletivas no Brasil e no exterior (Alemanha, Suécia, Venezuela, Holanda, Portugal e Estados Unidos), com destaque para as mostras MAM na OCA, Arte Brasileira do Acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM/SP, em 2006 e Modernos, Pós-Modernos, 80/90, em 2007, no Instituto Tomie Ohtake, também em São Paulo. A última individual do artista ocorreu em 2015, na Galeria Lume.

Homenagem a Florian Raiss, o artista das esculturas fantásticas
Detalhe do apartamento da arquiteta Joana Requião, escultura de Florian Raiss (Marco Antonio/CASACOR)

Suas obras se caracterizam pelo uso de materiais como bronze, argila policromada e baixo esmalte. As figuras mais conhecidas de seu trabalho são homens quadrúpedes, onde o artista trabalha a disparidade do ser civilizado versus o animal. Devido a sua importância no desenho e na arte escultural, diversos profissionais da CASACOR inserem peças do artista nas concepções e conceitos de seus espaços nas mostras pelo Brasil adentro. 

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Raiss faleceu ontem, 26 de março, em decorrência de uma parada cardíaca. O artista estava hospitalizado há duas semanas devido a um problema renal. 

 

A obra de Florian levanta a hipótese de que homens, embora tenham se livrado do feixe muscular, que ancestralmente lhes amarrava a caixa craniana, impedindo o aumento e largueza do seu cérebro, não atingiram, ainda hoje, a plenitude da compreensão cosmológica. Por isso tudo, o artista faz corpos quadrúpedes, sobre quatro patas, encimados por cabeças cujos semblantes diversos, com seus olhares variados, significam que nada valeu para a humanidade todo trabalho feito ou sonhado após milhares de anos.

Radha Abramo
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