Biofilia: o que é e como incorporá-la na arquitetura
O princípio por trás da biofilia é bastante simples: conectar os seres humanos com a natureza, promovendo bem-estar e conforto emocional
Por Marina Pires
Atualizado em 25 fev 2021, 11h13 - Publicado em 24 fev 2021, 13h28
–(Divulgação/CASACOR)
Ao instigar alguém a imaginar um cenário que traga tranquilidade, provavelmente, a primeira imagem que virá ao pensamento é um ambiente que envolva a natureza. Estudos revelam que a presença do verde em um espaço promove bem-estar, sensação de relaxamento, saúde e conforto emocional; assim, projetar ambientes que conectem as pessoas à natureza ganhou importância para arquitetos e designers, popularizando o termo arquitetura biofílica ou design biofílico.
O que é biofilia?
–(Evelyn Muller/CASACOR)
O termo ‘biofilia’ é traduzido como ‘amor às coisas vivas‘ no grego antigo (philia = amor a / inclinação a). Por mais que o termo seja de uso recente e esteja se tornando uma tendência gradual na arquitetura e design de interiores, a biofilia foi usada pela primeira vez pelo psicólogo Erich Fromm em 1964 e depois popularizada nos anos 80 pelo biólogo Edward O. Wilson, que detectou como a urbanização promove uma forte desconexão com a natureza.
–(Felipe Araújo/CASACOR)
O princípio por trás da biofilia é bastante simples: conectar humanos com a naturezapara melhorar o bem-estar. E como os arquitetos podem alcançar essa conexão? Ao integrar a natureza em seus projetos. Cada vez mais prédios corporativos, universidades, hotéis e hospitais buscam estas soluções, estimulando os sentimentos de tranquilidade e satisfação de seus funcionários, clientes e pacientes.
–(Divulgação/CASACOR)
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A principal estratégia é incorporar as características da natureza aos espaços construídos, como água, vegetação, luz natural e elementos como madeira e pedra. O uso de formas e silhuetas botânicas em vez de linhas retas é uma característica fundamental em projetos biofílicos.
Quais os benefícios da biofilia?
–(Rodolfo Sotelo/CASACOR)
A biofilia, quando incorporada em prédios e salas, proporciona calma, produtividade, estimula o aprendizado e a criatividade. O contato com a natureza influencia no desenvolvimento das crianças, incitando a imaginação, interação social e sendo capaz de diminuir distúrbios de déficit de atenção.
–(Cristiano Bauce/CASACOR)
De acordo com um relatório divulgado pelo Human Spaces no Impacto Global de Design Biofílico no local de trabalho, 15% das pessoas que trabalham em espaços que possuem elementos naturais apresentam um nível de bem-estar maior em relação àquelas que não possuem nenhum contato com a natureza no local de trabalho.
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–(Felipe Araújo/CASACOR)
A tendência é que cada vez mais os projetos biofílicos sejam uma prioridade ao planejar um ambiente de trabalho, resultando, assim, em um aumento de produtividade e criatividade e em uma diminuição do estresse e baixo desempenho dos funcionários.
–(Jomar Bragança/CASACOR)
Como incorporar a biofilia na arquitetura e ambientes?
A introdução da arquitetura biofílica nos ambientes pode ser obtida de diversas formas. Conheça e inspire-se nessas ideias dos profissionais da CASACOR.
Telhado verde
1/5(Studio Arthur Casas/CASACOR)
2/5(Salvador Cordaro/CASACOR)
3/5(Projeto: Arhtur Casas/ Fernando Guerra/CASACOR)
4/5(Lio Simas/CASACOR)
5/5(Rafael Renzo/CASACOR)
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Composto por vegetação, o telhado verde é mais que uma cobertura, ele envolve técnicas de impermeabilização e de plantio que devem ser feitas por um profissional qualificado. Entre suas vantagens estão a diminuição do consumo de água potável, redução de inundações e uma melhor qualidade de vida.
Jardim vertical
1/10 CASACOR Ribeirão Preto 2019. Terraço do Encontro - Isabela Montans. A parede verde injeta cor no espaço, além de conversar com a decoração natural, marcada pelo forro de bambu e os brises de ferro reutilizado. (Felipe Araújo/CASACOR)
2/10 CASACOR Espírito Santo 2019. Lounge Receptivo Procon - Carlos Eduardo Calmon, Juliana Mattos Guarize e Tassia Hoffmann. O jardim vertical garante o frescor e a sensação de acolhimento no lounge de recepção e espaço administrativo de 40 m². (Felipe Araújo/CASACOR)
3/10 CASACOR Espírito Santo 2019. Lavabos Funcionais - Aline Ane, Aline Fialho e Aline Rita Laureano. A natureza se expressa no uso de vegetação e na madeira reaproveitada da bancada, com acabamento em resina, despertando a consciência da preservação do planeta. (Felipe Araújo/CASACOR)
4/10 CASACOR Ribeirão Preto 2019. Varanda Movimento - Daniela Alves Trovo. A parede principal do ambiente interno foi revestida com o frescor do jardim vertical, que é iluminado pela luz natural que penetra através do brise. (Felipe Araújo/CASACOR)
5/10 CASACOR Ceará 2018. Pavilhão da Garagem - André Monte. O plano de fundo do jardim principal da casa chama a atenção de quem visita o ambiente. O espaço aberto foi explorado para unificar as áreas interna e externa. (Esdras Guimarães/Victor Eleutério/CASACOR)
6/10 CASACOR Espírito Santo 2019. Cozinha - Thainá Castro e Rhamires Recla. As referências são italianas nestes 25 m², que abrigam cores e objetos que remetem à culinária e às cores clássicas da moda do país europeu, como preto e dourado. O mármore surge no piso e na bancada da cozinha. A marcenaria clean e moderna garante o equilíbrio perfeito do mix de inspirações. (Felipe Araújo/CASACOR)
7/10 CASACOR Rio Grande do Sul 2019. Oásis Urbano - Mariana Ordahy. O extenso sofá Balaton ganhou couro verde e ganha o apoio dos bancos Iron, do designer Maurício Bomfim. No alto, a prateleira em aço escovado garante lugar para o jardim suspenso. No lado oposto, a bancada em mármore escovado abriga louças e metais DECA. (Cristiano Bauce/CASACOR)
8/10 CASACOR Rio de Janeiro 2019. Varanda do Cais - Carmen Mouro. O jardim vertical que complementa a decoração do deck toma uma extensão de 21 m², e foi repleto de espécies exuberantes como Costela de Adão, jiboias e samambaias. (André Nazareth/CASACOR)
9/10 Janelas CASACOR Pernambuco 2020. Home Office - Ju Nejaim (PH Nunes/CASACOR)
10/10 Janelas CASACOR Minas Gerais 2020. Sala de Banho, Espaço Deca - Ana Paula Paolinelli (Jomar Bragança/CASACOR)
Jardim vertical (ou parede verde) é uma ótima escolha para incluir o design biofílico em um espaço. Por ser super versátil, são inúmeras as possibilidades de aplicação que variam conforme disposição de espaço, tipos de plantas, além de escolha para interior ou exterior do ambiente.
Materiais naturais
1/10 CASACOR Ribeirão Preto 2018. Oficina Mutante - Mariana Orsi. A madeira foi escolhida para protagonizar, presente em toda a estrutura. O revestimento é tão marcante que dispensa quaisquer excessos no mobiliário. Tudo vem na medida certa. (Felipe Araújo/CASACOR)
2/10 CASACOR Rio 2019. Toca Arquitetura - Estúdio Elã. O tom de terracota avermelhado é afetivo, sensual e ao mesmo tempo representa a forte ligação com a natureza. A cozinha é despretensiosa, com prateleiras abertas, objetos pendurados e uma grande ilha central. (André Nazareth/CASACOR)
3/10 CASACOR SP 2018. Refúgio Urbano - Marina Linhares . O fechamento em vidro torna permanente a ligação com a luminosidade natural e o verde que abraça este refúgio. Uma árvore original, inclusive, foi incorporada ao centro do living. Na ambientação de ares urbanos, o toque cálido da madeira e cores que aquecem. (Rômulo Fialdini/CASACOR)
4/10 CASACOR Rio 2019. Bianca da Hora - Sala Shanti. Minimalista, o espaço combina o acolhimento da madeira, a leveza dos tecidos naturais e a funcionalidade no mobiliário de jovens designers brasileiros. (André Nazareth/CASACOR)
5/10 CASACOR Rio 2016. Cabanas - Duda Porto projetou as Cabanas. A iluminação natural, valorizada pelas grandes janelas de vidro, favoreceu a sensação de amplitude do espaço, enquanto as luzes artificiais focadas ou indiretas aumentaram o aconchego. (Divulgação/CASACOR)
6/10 CASACOR Espírito Santo 2019. Cozinha Deca - Sergio Paulo Rabello. O espaço é recoberto com grandes placas de quartzito translúcido, o que lhe confere uma atmosfera delicada e arrojada. A estrutura que forma paredes, piso e telhado utilizam vigas e pilares de aço de uma empresa local, que produz a matéria-prima de forma totalmente sustentável. (Felipe Araújo/CASACOR)
7/10 CASACOR Brasília 2019. Planeta Brasília - Studio Gontijo Arquitetura e Interiores (Jomar Bragança/CASACOR)
8/10 CASACOR Santa Catarina 2019. Loft Pra Perto do mar - Juliana Pippi. Concreto, pedra, granilite, fibras naturais e madeiras claras se encontram e se completam, em um visual tranquilo. O branco é pincelado aqui e ali, criando outros respiros neste ambiente leve e praticamente sem paredes. (Mariana Boro/CASACOR)
9/10 CASACOR Brasília 2019. Nosso Recanto - Larissa Dias. Com 128 m², o ambiente foi pensado para ser uma forma relaxante de se reconectar com a natureza. Em meio à redes, pufes e almofadas em ráfia e fibras naturais, uma parede de pedras captura o olhar acrescenta texturas e linhas ao espaço. (Jomar Bragança/CASACOR)
Materiais naturais como madeira, pedra e bambu são preferíveis no design biofílico. Estudos demonstraram que a madeira, por exemplo, relaxa o sistema nervoso autônomo, diminuindo as respostas relacionadas ao estresse. Devido à abundância de tipos, cores e texturas, os materiais naturais oferecem conexão visual e emocional com a natureza e, quando combinados com vegetação e luz natural, criam um rico design biofílico.