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5 revestimentos de piso e parede feitos a partir de resíduos

Conchas, pets, borra de café e até lama: materiais que seriam descartados ganham nova utilidade por meio da economia circular

Por Nádia Sayuri Kaku
31 Maio 2021, 10h00
joia bergamo
 (Martin Gurfein/CASACOR)
5 revestimentos de piso e parede feitos a partir de resíduos
Na ordem: bricks feitos com lama, hexágonos produzidos a partir da borra de café e cobogós que levam conchas de sururu em sua composição. (Divulgação/CASACOR)

Chamamos de resíduo tudo aquilo que foi descartado por não ter mais a utilidade original, mas ganha nova função em outro processo produtivo, como matéria-prima na indústria, por meio da reciclagem. Quando o material volta para a cadeia produtiva, a economia circular se desenvolve, criando um novo ciclo de uso. A indústria da construção acumula vários exemplos de móveis, matérias-primas e produtos feitos a partir de resíduos de diferentes naturezas. Separamos abaixo, cinco bons exemplos de revestimentos que são fabricados a partir de materiais descartados.

Cobogós feitos de conchas de sururu

Cobogó Mundaú é um revestimento feito a partir da concha do sururu. Assinado por Marcelo Rosenbaum, Rodrigo Ambrósio e o Instituto A Gente Transforma,
(Divulgação/CASACOR)

O Cobogó Mundaú foi desenvolvido por Marcelo Rosenbaum, Rodrigo Ambrósio e pelo Instituto A Gente Transforma a partir do uso da concha de sururu, molusco muito utilizado na culinária da comunidade do Vergel, em Maceió (AL) – apesar da popularidade do molusco, sua concha era descartada como rejeito e era estimado que 200 toneladas de conchas se acumulavam todos os meses em torno da Lagoa Mundaú, gerando um problema ambiental e de saúde pública para as comunidades ali instaladas. Disponível no mercado brasileiro a partir do mês de maio, as peças são feitas de forma artesanal na comunidade e seguem técnicas do artesão Itamácio Santos.

Cobogó Mundaú é um revestimento feito a partir da concha do sururu. Assinado por Marcelo Rosenbaum, Rodrigo Ambrósio e o Instituto A Gente Transforma,
(Divulgação/CASACOR)

Com um recorte vazado em formato orgânico, a superfície do cobogó é inspirada no próprio contorno do marisco e reflete o brilho furta-cor da concha, ora com predominância de verde, ora com destaque no roxo. O produto ganhou escala industrial com o apoio da Pointer, marca de design democrático da Portobello. O Instituto A Gente Transforma é um projeto que aflora sustentabilidade e mostra que tecnologia e criatividade podem ser sinônimo de reaproveitamento, com o uso de materiais alternativos.

Rodapés feitos de isopor

Marcelo Salum
O Loft “Alguma coisa acontece no meu coração”, assinado por Marcelo Salum para a CASACOR São Paulo 2018, utilizou rodapés especialmente desenvolvidos pela Santa Luzia na cor do revestimento da parede. (Evelyn Müller/CASACOR)

Desde que dispensou o uso da madeira como principal matéria-prima no início dos anos 2000, a Santa Luzia já transformou quase 50 milhões de kg de resíduos plásticos em materiais de construção sustentáveis de alto desempenho e durabilidade. A CASACOR, inclusive, destina o isopor das mostras para a empresa, onde o material se transforma em revestimentos, rodatetos, rodapés, molduras para espelhos, entre outros itens.

Casa Cor São Paulo 2019 -
O arquiteto Marcelo Salum aplicou quase 5 mil peças da Coleção SIX e rodapés 454 da Linha Moderna da Santa Luzia no ambiente “Loft Árvore da Vida”, da CASACOR São Paulo 2019. (Salvador Cordaro/CASACOR)

Como são peças recicladas, os novos produtos não apresentam as desvantagens da madeira, do gesso, ou de outros materiais tradicionais. Ou seja, são livres de mofo, pragas e não apodrecem quando são umedecidos.

Pastilhas feitas com garrafa PET

Casa Sustentável Leroy Merlin, assinada pelas arquitetas Gabriela Lotufo e Larissa Oliveira para a CASACOR São Paulo 2018
Na Casa Sustentável Leroy Merlin, assinada pelas arquitetas Gabriela Lotufo e Larissa Oliveira para a CASACOR São Paulo 2018, as pastilhas que revestem o backsplash da cozinha são do modelo Branco Juçara, da Rivesti. (Rafael Luvizetto/CASACOR)

As pastilhas Rivesti possuem em sua composição 85% de PET reciclado, além de aditivos minerais reaproveitados. Durante sua fabricação, há baixo consumo de energia, emissão zero de poluentes e zero resíduo. Cada m² de pastilhas evita o lançamento de 3 kg de CO2 na atmosfera e retira do meio ambiente 66 garrafas PET.

Casa Sustentável Leroy Merlin, assinada pelas arquitetas Gabriela Lotufo e Larissa Oliveira para a CASACOR São Paulo 2018
No banheiro da Casa Sustentável Leroy Merlin, assinada pelas arquitetas Gabriela Lotufo e Larissa Oliveira para a CASACOR São Paulo 2018, as pastilhas da Rivesti aparecem na área do box. (Rafael Luvizetto/CASACOR)

A Rivesti mantém 33 cores na coleção permanente e ainda permite a escolha de qualquer cor Pantone para atender projetos especiais.

Cerâmica feita com resíduos de vidro, louças e lama

joia bergamo
Café com Terraço da Ofner, ambiente de Joia Bergamo para a CASACOR São Paulo 2019: o Maxi Brick Natyra Cappuccino usa como parte de sua composição rejeitos de mineração da barragem de Fundão da cidade de Mariana, em Minas Gerais. (Martin Gurfein/CASACOR)

Atualmente, a Lepri tem 99% de suas linhas fabricadas com materiais descartados, como vidros de telas de TVs e monitores de computadores, cinzas provenientes da queima da lenha e lâmpadas fluorescentes. A mistura obtida com o vidro descontaminado pode ser usada na composição dos esmaltes ou combinada à massa dos revestimentos, o que confere maior resistência. A reciclagem também contribui para a redução do lixo eletrônico.

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No Studio Hygge, de Melina Romano para a CASACOR São Paulo 2019, piso e paredes contam com cerâmicas da Lepri no piso e parede. (Denilson Machado/CASACOR)

O passo mais recente da empresa em relação à sustentabilidade foi o desenvolvimento de uma técnica para aproveitar rejeitos de mineração, a partir da lama da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais. Hoje, cerca de 50% dos produtos são feitos com a lama de Mariana.

Revestimento feito de borra de café

Produzido pela Recoffe Design, o revestimento Hexágono utiliza a borra de café como matéria-prima e aglutinantes naturais de fonte renovável.
(Divulgação/CASACOR)

Produzido pela Recoffe Design, o revestimento Hexágono utiliza a borra de café como matéria-prima e aglutinantes naturais de fonte renovável. O resultado é uma superfície rica em detalhes que fazem cada peça ser única e exclusiva, principalmente porque cada unidade é feita artesanalmente. A empresa recolhe os resíduos direto da indústria do café (as produtoras doam quando um produto sai fora do padrão comercial) e também em cafeterias parceiras.

Produzido pela Recoffe Design, o revestimento Hexágono utiliza a borra de café como matéria-prima e aglutinantes naturais de fonte renovável.
(Divulgação/CASACOR)

Com texturas e diferentes tons, o revestimento é impermeável, resistente ao calor, rígido e muito leve. Os módulos podem ser colados em paredes internas sem exposição direta de sol e chuva. E o melhor: tem o cheirinho do café!

 

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